Olhares Transversais

Vulnerabilidades, justiça e resistência nas interações comunicativas

Ângela C. S. Marques

Sujeitos e grupos estão diferentemente expostos à injúria, à agressão, à rejeição e à morte. A vulnerabilidade, tal como argumenta Judith Butler, não é só uma condição ontológica, mas um estado contingente que pode ser  modificado, alterando o estatuto de um sujeito/grupo se considerarmos que os vínculos e condições (materiais, simbólicas, humanas) que nos permitem viver podem ser acionados de modo a compor arranjos que promovam alternativas e possibilidades de ruptura. Vulnerabilidades não são imutáveis, mas são situadas e resultam de uma complexa rede de múltiplas relações e tensões. Nessa rede, estamos sempre à espera e à escuta de uma demanda endereçada pelo outro. O tempo da espera, segundo Lévinas, é também o tempo da contemplação e do acolhimento de uma alteridade radical, estrangeira: sua chegada, seu chamado e seu apelo produzem uma ruptura no presente daquele que escuta, impedindo-o de permanecer fechado em si mesmo e compelindo-o a elaborar uma resposta, a assumir uma responsabilidade. Assim, é vital compreendermos a afirmação de que perceber o outro é acolhê-lo e responder à ele, em uma atitude de escuta e contemplação que requer outra temporalidade, distendida, desacelerada, na qual considero, de maneira ampla, desprovida de julgamento, a demanda que o outro me endereça enquanto rosto.

Apresentação

1. Entre a política e a estética: uma abordagem comunicacional de questões de justiça

Ângela Marques

2. Carta-ensaio sobre a experiência da vulnerabilidade nas mulheres da minha vida

Iasminny Thábata Sousa Cruz

3. Padrões estéticos, rostos políticos: quem nos ensina o racismo

Mayra Bernardes

4. Marielle e a representatividade da vida que carrega o signo da morte

Pâmela Guimarães-Silva

5. “A carne mais barata do mercado é a carne negra”: o racismo institucional definindo quem nasce e quem deixa de nascer no Brasil

Vívian Tatiene Nunes Campos

6. O encontro com “minha-outra” e seu “rosto-nosso”: reflexões sobre entrevistas com mulheres vítimas de violência

Bárbara Caldeira

7. Agroecologia e feminismo em rede: vulnerabilidades e potências criativas dos usos do Facebook por agricultoras

Angélica Almeida

8. O enquadramento da vida e morte de um pobre: o julgamento post mortem nas redes sociais de Tatuagem

Lucas Afonso Sepulveda

9. Por que olhar para o outro importa

Gabriella Hauber

10. Relatório de campo: “aquecimento” para o Dia de Luta Antimanicomial de Belo Horizonte

Lucas Veloso

11. A vulnerabilidade dos trabalhadores anônimos

Dôuglas Aparecido Ferreira

12. Relatar a si mesmo ou produzir reivindicações políticas? Vozes feministas que ecoam no ciberespaço

Maiara Garcia Orlandini

13. El valor de la vida o qué vidas merecen ser vividas y susceptibles de luta

Alexei Padilla Herrera

14. Cisepistemologia: por que não pesquisamos pessoas cisgêneras

Túlio Cesar Salvan Pagnan

15. Relações tensionadas no interior de comunidades lésbicas politizadas

Thaís Choucair

16. O percurso e o posicionamento dos pesquisadores cujo “objeto” são pessoas: queremos servi-lo ou vulnerabilizá-lo

Carolina Pantuza

17. Preocupações acerca das assimetrias e desigualdades presentes nas representações que influenciam no reconhecimento dos jovens de periferia

Ana Carolina Andrade

18. Ensaio sobre pernas e pés

Debora Costa

19. Você está feliz, cidadão?

Rubens Rangel Silva

20. Sobre a construção da paternidade

Carlos Wagner Jota Guedes

Posfácio – Quando a comunicação perde a palavra: leitura de Emmanuel Lévinas

Pierre-Antoine Chardel

Ângela Cristina Salgueiro Marques

Professora Adjunta do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Doutora em Comunicação Social pela UFMG (2007) e mestre em Comunicação Social pela mesma instituição. Realizou pós-doutorado em Comunicação e em Ciências Sociais na cidade de Grenoble (França), onde atuou junto a dois grupos de pesquisa: o Groupe de Recherche sur les Enjeux de la Communication (Institut de Communication et Medias – Université Stendhal) e o Groupe de Recherche en Sciences Sociales sur l’Amérique Latine (MSH-Alpes, Université Pierre Mendes France).

Título: Vulnerabilidades, justiça e resistências nas interações comunicativas

Organizadora: Ângela Cristina Salgueiro Marques

Editora: Fafich/Selo PPGCOM/UFMG

Cidade: Belo Horizonte

Ano de publicação: 2018

Edição: 1ª

Número de páginas: 246

Formato: PDF

ISBN: 978-85-54944-15-5

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